Mercadores

Foto: reprodução de A Foto e a História – Piracicaba Antiga

     O mais atilado ou despercebido dos seres sabe que da vida o que se leva são especiarias do coração acondicionadas nos armazéns da alma. No atacado ou varejo, as necessidades de nós são semelhantes nos cantos tantos deste planeta – distinguem-se, volta e meia, algumas poucas convenções. No entanto, fibra e altruísmo são ingredientes essenciais ao bem-viver. Filosofia esse nariz de cera todo!

     Bem! Vamos lá: alegre, iluminado, saudável, cheio de cheiros atraentes, agregador e colorido. Dentro dele, do que tem não falta nada. E foi pelas mãos de vanguardistas como Prudente de Moraes que o Mercado Municipal de Piracicaba se estratificou, para conforto de todos, no centro da cidade. Centenário, o nosso Mercadão segue firme e forte no mesmo front a comercializar bens; razão esta do surgimento dos mercados mundiais desde as primeiras feiras medievais.

     O MMP é um local de prestação de serviços indispensáveis à socialização. Tanto que garante batente a gente que gosta de lidar com gente e que sabe madrugar, para fornecer saúde e alegria. Lá pessoas se encontram, se reencontram, proseiam – de domingo a domingo.

     O espírito mercador foi fortemente demarcado nas cruzadas, depois da derrocada do feudalismo europeu. Esse movimento ajudou a alavancar e expandir atividades comerciais, fortalecendo toda riqueza em circulação do oriente ao ocidente e vice-versa. Séculos à frente, Piracicaba se fez mais forte na geopolítica e economia regional justamente ao construir e manter em suas cercanias o seu celeiro de mercadorias e provimentos; hoje Patrimônio Histórico do Município.

     Entretanto, voltemos a nossa conversa a granel sobre quitutes; pimentas; massas; doces; pamonhas; sucos; carnes; queijos; peixes; flores; utensílios para casa; fumos de corda; coadores de pano; chapéus de palha; materiais de jardinagem; cordas; hortifrutigranjeiros; ervas; frutas secas; sementes e tantas deliciosas maravilhas lá do Mercadão de Pira. Pensamos até ser impossível existir um piracicabano, nato ou não e em sã consciência, que fique muito tempo sem os pasteis de queijo e o cafezinho de bule que, bem sabemos, somente lá encontramos.

     Ademais, degustar iguarias assim é tão pitorescamente romântico quanto saborear um pastel de Santa Clara e tomar uma “bica” numa esplanada à beira do Tejo Lisboeta.

Ser Mercador no Mercado Municipal de Piracicaba é questão de estilo.

Ora, pois!

_PAULO DE TARSO PORRELLI