Tudo perfeito! Noite de primavera com lua crescente, proximidade dos 110 anos de existência e da restauração que a deixará ainda mais bonita. Nesse cenário a Socitetà Italiana de Piracicaba reluziu na sexta-feira, 3, ao adentrar no hall das grandes casas de espetáculos da world music.
Acompanhada pelo magnífico guitarrista norte-americano Paul Ricci, a encantadora e performática cantora e compositora Mafalda Minnozzi extasiou o público que lotou a sala de apresentações da Società. Durante o espetáculo, o artista plástico italiano Guido Boletti coloriu uma tela, dando asas visuais à refinada e pulsante musicalidade da dupla. Uma louvação ao milenar Giovanni di Pietro di Bernardone – o São Francisco de Assis; padroeiro da Itália e defensor de todas as criaturas da Terra. E a mostra do Guido Boletti segue até 30 de outubro lá mesmo, na Società Italiana de Piracicaba.
Tudo na italiana Mafalda Minnozzi é pura música. Canta ela desde criança. Notas musicais exalam alegremente de seu flutuante corpo a bailar no palco. Ela cantou clássicos das espirituosas músicas italianas e norte-americanas dos anos 30, 40, 50, 60… E Bossa Nova. Em “Só tinha de ser com você”, de Tom Jobim, a plateia foi ao delírio. Com singeleza e destreza Mafalda Minnozzi parece conter em si todas a vozes do seu tempo-espaço. Se pudéssemos citar exemplos do que vimos naquele palco sexta à noite, diríamos aqui que divas como Liza Minelli, Elis Regina, Sharon Jones, Madeleine Peyroux, Diane Schuur, Nora Jones, Nina Simone, Bessie Smith, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Sarah Vaughan e outras celestiais vozes ali ecoaram. Mas, saiba: não dá para comparar; porque Mafalda Minnozzi é única. Ela é tudo o que quiser ser: blues, soul, R&B, jazz, MPB, spirit, samba. Mafalda Minnozzi é bamba! Sem contar a leveza e versatilidade do igualmente incomparável guitarrista Paul Ricci; que nos lembra outro virtuosíssimo guitarrista americano de origem italiana, o John Pizzarelli. E ressalto, Paul Ricci e Mafalda Minnozzi são inseparáveis.
Mafalda ‘sem fronteiras’ Minnozzi é do primeiro decanato do signo de libra, nasceu em Pavia, na Lombardia, norte da Itália. Desde menina interessou-se pelos diversos gêneros musicais. Ao mudar-se com os pais para San Severino, região central do seu país, suas preferências musicais já estavam bem definidas. Cresceu ouvindo o Duke Ellington, Count Basie, Cole Porter, Dinah Washington, Sarah Vaughan, Frank Sinatra, Bill Evans, Thelonious Monk. Mergulhou também no cancioneiro francês, nas vozes de Edith Piaf e Yves Montand. Buscou inspiração e aprendeu com interpretações de Caterina Valente, Ornella Vanoni e Mia Martini; se encantou com a bossa nova de Tom Jobim e a vivacidade tropical de Elis Regina, João Gilberto e Milton Nascimento. Estudou canto napolitano com o lendário maestro Gustavo Palumbo; recitação e teatro com Roberto Marafante na escola do Diretor Saverio Marconi. Percorreu caminhos traçados nos anos 60 pelos conterrâneos Nico Fidenco, Sergio Endrigo, Rita Pavone, Luigi Tenco e Domenico Modugno.
No Brasil teve a canção “Come Le Rose” inserida na trilha da épica novela “Terra Nostra”, da Rede Globo. Nos estúdios e palcos brasileiros Mafalda já trabalhou com instrumentistas, cantores e compositores como Martinho da Vila, Guinga, Cristóvão Bastos, Peninha, Bocato, Leila Pinheiro, Paulo Moura, Toninho Ferragutti, Fernanda Porto, Wilson Simoninha, Bibi Ferreira.
Embaixatriz da música Italiana no Brasil, Mafalda trouxe à Piracicaba o Projeto Spritz – nome do mais tradicional coquetel italiano. A turnê é dedicada a canções da época de ouro de Domenico Modugno com Volare e Dio Come Ti Amo; Pino Donaggio com Io Che Non Vivo; Sergio Endrigo com Io Che Amo Solo Te; Jimmy Fontana com Il Mondo; Umberto Bindi com Arrivederci.
Va bene! Tanti grazie à Società Italiana por nos presentear a arte de Mafalda Minnozzi, Paul Ricci e Guido Boletti.
Arrivederci!