Penso que a covardia cometida contra o premiado repórter fotográfico do Estadão, Dida Sampaio, em 3 de maio de 2020, no Distrito Federal, resgata a Fênix que habita em nós. No meu caso, as cinzas das minhas memórias eu já havia espalhado ao vento do esquecimento à espera de que submergissem quietas no rio da minha consciência.
No texto “O Livreiro” Monteiro Lobato nos ensina que: “(…) os ignorantes dão de ombros, porque é próprio da ignorância sentir-se feliz em si mesma (…)”. E, ressalta ele, “(…) a ignorância se perpetua e se perpetua (…)”.
Eis a razão desse meu nariz de cera todo. Já senti algumas vezes à flor da pele o pavor de tamanhas estupidezes. Certo dia um empresário da cidade onde comecei no batente do jornalismo ameaçou-me por telefone sem sequer disfarçar a voz: “(…) você fica aí fazendo essas perguntas ‘descabidas’; vai embora para São Paulo aprender a ser repórter (…)”. E eu fui, é claro.
Até pelo fato de nesses lugares o despotismo ser muito pior. Comenta-se que por aquelas bandas ainda quase todas ‘autoridades’ frequentam as mesmas quermesses e colunas sociais.
Noutro ‘causo’, o saudoso cantor e compositor Belchior estava na cidade, para duas noites de show num final de semana. Apaixonado por música, entrevistei-o para uma FM local. Na segunda-feira o diretor da emissora me chamou à sala dele para, raivosamente, me inquerir: “Como você ousa ir ao ar com um ‘artistazinho’ desses?” Triste, não é? Parece que esse tal diretor seguiu fazendo a mesma coisa naquele antro de ‘jabás’ e ‘permutas’. É, sim! Porque muitas vezes a ‘notícia’ naquilo que eles dizem ser um veículo de comunicação vale um quilo de carne no açougue da esquina mais próxima. É submundo das almas mesmo.
Meu pai morreu quando tinha 48 anos. Era assistente social e lecionava latim e português. Da nossa curta convivência ficou cravada em mim uma frase dele solta no ar ante a minha percepção infantil: “Uma única palavra pode custar vidas, meu filho”.
E é exatamente o que está acontecendo no Planeta Terra. Nossos ‘líderes’ são tiranos, ‘dinheiristas’, descarados e desalmados que seguem versando mal as palavras, populistas que dão aos fatos a versão que bem entendem e, o pior, exterminam assim toda a gente de bem. São ignorantes profissionais.
Relutei a escrever estas linhas, mas o fiz para não cair em desalento – “o pior dos sentimentos” segundo Madre Teresa de Calcutá.
Então, meus caros colegas, para frente e para cima! Não se intimidem. A ignorância, assim como a vaidade dos políticos, é a mãe de todas as violências.