Todas as cores do branco

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    Cintilantes e graciosas odaliscas parecem ter ressurgido da remota Fenícia a preencher o salão da Escola de Mães com intensos movimentos da dança do ventre – um balé extasiante de alegrar almas. Tudo ocorreu durante o jantar da sexta-feira, 21, quando a Sociedade Beneficente Sírio Libanesa festejou seus 112 anos em Piracicaba. A reunião celebrou também os 71 Anos da Independência da República do Líbano. Na mesma noite títulos beneméritos foram entregues a expoentes da comunidade.

    Do idioma hebraico Líbano significa branco. Mais do que representar os píncaros cobertos de neve daquele belo e valente país à beira oeste do Mediterrâneo, branco traz-nos sempre alguma paz. E a importância dos libaneses nos históricos fluxos migratórios vem exatamente das demarcações territoriais de seu povo na construção pacífica das relações comerciais e socioculturais. Segundo o pensamento do historiador e acadêmico Philippe Hitti “o Líbano é um microcosmo pela sua superfície e um macrocosmo pela sua influência”.

    “…Nossos vales e montes são o berço dos bravos. Nossa palavra e ação, só buscam a perfeição…” Este trecho extraído do Hino Nacional Libanês revela essencialmente a gana desses seres convictamente predestinados a bem servir. E o cedro na bandeira do Líbano é símbolo-mãe de força, fibra e imortalidade.

    Entre clichês aqui e acolá o Líbano já foi tido como a Suíça do Oriente Médio. Contudo, a nação busca incessantemente equilibrar-se em meio a sérios conflitos por causa principalmente de diversidades religiosas. Mas, no exercício universal das diferenças fronteiriças e doutras tantas de todos nós neste mundo, estejam onde estiverem, os libaneses sabem ser vital às civilizações a preservação e disseminação da cultura pátria. E disso sabiamente não abrem mão!

    O fato é que acolher patrícios e toda a gente de forma elegante e fraternal é arte costumeira da SBSL de Piracicaba.

    O lendário poeta, pintor e filósofo Gibran Khalil Gibran nasceu nos gélidos montes do norte do Líbano. De sua profícua obra literária cabe-nos aprender que “o trabalho é a imagem completa do mais perfeito amor”. E que: “sereis, na verdade, livres, não quando vossos dias estiverem sem preocupação e vossas noites sem necessidades e sem aflição, mas antes, quando essas coisas sobrecarregarem vossa vida e, entretanto, conseguirdes elevar-vos acima delas, desnudos e desatados.”

    Desprendimento assim fascina e entusiasma. Ademais, Deus é entusiasmo. E que prevaleça a liberdade e o entendimento entre nações.

_PAULO DE TARSO PORRELLI