Antropomorfismos ora técnico consumistas

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    Quiçá conquistemos equanimidade no eterno vaivém da interdependência de nós – criaturas Divinas; pelo bem das relações civilizadas. Conquanto precedentes e fatos tantos nos tornem céticos em relação à conquista desse sonhado estado de espírito, num planeta conturbado e repleto de contradições.

    Sentimos saudades dos anos de 1970 e 1980. Naquela década era-nos lírico subir a pé, logo cedo, a íngreme Moraes Barros em direção ao Estádio Barão de Serra Negra, onde coloríamos o gramado do “Nhô Quim” com movimentos de coletiva individualidade durante inesquecíveis apoteoses. Alegria igual ou maior era descer a Governador Pedro de Toledo tocando nas fanfarras, como a do “Sud Mennucci”, a ritmar sensações pátrias.

    Eram anos difíceis. Entretanto, nós crianças carregávamos orgulhosos no peito reluzentes laços de fitas em tons verdes e amarelos. Enxergávamos inocentemente graça em tudo.

    Ingenuidade ou não, éramos assim movidos por doces emoções àquela época – tempos nos quais tínhamos menos tecnologias nas pontas dos dedos e mais cadeiras nas calçadas; para alimentar a boa prosa olhos nos olhos.

    O melancólico dessas lembranças todas é constatar que sábado, “Dia da Independência do Brasil”, em Piracicaba/SP e noutros cantos do país, foram cancelados importantes comemorações e desfiles cívicos.

    Sabemos, sim, que muitos são os pensamentos ainda escravocratas e que essa conversa de independência é meio para boi dormir.

    Ora bolas! Obvio que protestar é sempre justo ante as necessárias mudanças à geopolítica de uma nação. Mas, convenhamos que somente através de bons diálogos e enfrentamentos pacíficos poderemos melhorar o exercício da cidadania. Não é saindo por aí implodindo coisas e explodindo gente como a gente que avançaremos para o melhor a todos.

    A reflexão pura e elementar é simples: o que estamos colhendo não são somente frutos de desmandos políticos e ganâncias mercantilistas. Erramos todos, pecamos muito… Pais e filhos; gerações a fio. Descuidamos do pomar onde estão plantadas as videiras maiores da razão do existir: o respeito, amor próprio e ao próximo.

    O elixir da vida brota do exercício da paz e não da repetição de práticas violentas como a história nos tem contado. Inquestionáveis e na mesma medida abomináveis são memórias doutras épocas dominadas pela tirania.

    No espelho nosso de cada dia fica a questão: o que fazemos a cada gesto, cada um no seu tempo e espaço, para mudar tais realidades?

_PAULO DE TARSO PORRELLI